Disney Plus alerta para 'representações culturais desatualizadas' em filmes como 'Pinóquio' e 'Dumbo'

RIO — A Disney lançou seu canal de streaming nesta terça-feira nos EUA e um alerta exibido antes de alguns de seus clássicos vem chamando ainda mais atenção do que os filmes em si. "Este programa é apresentado como originalmente criado. Pode conter representações culturais desatualizadas", diz o aviso que antecede filmes como "Peter Pan" (1953), "A Dama e o Vagabundo" (1955), "Fantasia" (1940), "Mogli, o Menino Lobo" (1967) e "Dumbo" (1941), além de curtas do Mickey Mouse produzidos entre as décadas de 1920 e 1940. Todos clássicos do cinema americano que já enfrentaram críticas por imagens racistas ou estereotipadas.O alerta, é claro, gerou acaloradas discussões nas redes sociais. Mas a Disney já esperava por isso. Em abril, foi amplamente divulgado que o Disney Plus editaria “Dumbo” (1941) para remover os corvos que fumam charuto, vistos como caricaturas racistas (mal) disfarçadas. Mas o canal foi ao ar com o filme completo (e o alerta).E esse não é o único caso. Mogli traz um personagem (King Louie) acusado de representar uma imagem negativa dos negros. Em "A Dama e o Vagabundo", a música "We are siamese" é apresentada por dois gatos que cantam com um sotaque asiático estereotipado. Alguns filmes, no entanto, eram ofensivos demais para serem exibidos mesmo com o alerta.O musical "Song of the South", de 1946, no qual um ex-escravo, tio Remus, narra contos populares africanos nunca teve chance. “Song of the South” ganhou um Oscar por sua música central, “Zip-a-Dee-Doo-Dah”, e outro por sua inovadora mistura de filme e animação, mas há 33 anos está fora de circulação por causa de suas imagens racistas. Robert A. Iger, executivo-chefe da Disney, deixou clara sua posição sobre o filme em uma reunião de acionistas em 2011. "Não espere vê-lo novamente por algum tempo — se é que algum dia".Todo grande estúdio de cinema tem um esqueleto ou três em seu armário. A Warner Bros. preferiria que todos se esquecessem dos desenhos racistas do Pernalonga lançados nos anos 40; "Yankee Doodle Dandy", um musical de James Cagney de 1942, inclui um número grandioso de blackface. Mas o boom do streaming — o Disney Plus chegou na terça-feira, seguido por Peacock, da NBCUniversal, em abril, e HBO Max, da Warner, em maio — colocou os filmes problemáticos novamente em destaque.A ausência de "Song of the South" na lista da Disney Plus levou à discussão entre críticos e historiadores de cinema sobre se deveria ser lançado para fins educacionais. A Disney se recusou a comentar.As empresas de Hollywood querem construir plataformas de vídeo que possam competir com a Netflix e a Amazon, e parte do seu discurso de vendas aos consumidores envolve o acesso a títulos de "bibliotecas completas". Portanto, as pessoas estão compreensivelmente curiosas sobre o porquê de certos filmes terem desaparecido.Por que o Disney Plus tem espaço para o "Chef Donald", um curta de 1941 estrelado pelo Pato Donald, mas não para "Commando Duck", um desenho animado de 7 minutos de 1944? Olhe um pouco mais de perto: "Commando Duck" foi um dos desenhos animados de propaganda que a Disney fez para as forças armadas dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Ele mostra Donald em uma missão no Japão, onde encontra os habitantes locais falando com sotaque forte e atirando em seus inimigos pelas costas. O Disney Plus não é um arquivo.

Disney Plus alerta para 'representações culturais desatualizadas' em filmes como 'Pinóquio' e 'Dumbo'

RIO — A Disney lançou seu canal de streaming nesta terça-feira nos EUA e um alerta exibido antes de alguns de seus clássicos vem chamando ainda mais atenção do que os filmes em si. "Este programa é apresentado como originalmente criado. Pode conter representações culturais desatualizadas", diz o aviso que antecede filmes como "Peter Pan" (1953), "A Dama e o Vagabundo" (1955), "Fantasia" (1940), "Mogli, o Menino Lobo" (1967) e "Dumbo" (1941), além de curtas do Mickey Mouse produzidos entre as décadas de 1920 e 1940. Todos clássicos do cinema americano que já enfrentaram críticas por imagens racistas ou estereotipadas.

O alerta, é claro, gerou acaloradas discussões nas redes sociais. Mas a Disney já esperava por isso. Em abril, foi amplamente divulgado que o Disney Plus editaria “Dumbo” (1941) para remover os corvos que fumam charuto, vistos como caricaturas racistas (mal) disfarçadas. Mas o canal foi ao ar com o filme completo (e o alerta).

E esse não é o único caso. Mogli traz um personagem (King Louie) acusado de representar uma imagem negativa dos negros. Em "A Dama e o Vagabundo", a música "We are siamese" é apresentada por dois gatos que cantam com um sotaque asiático estereotipado. Alguns filmes, no entanto, eram ofensivos demais para serem exibidos mesmo com o alerta.

O musical "Song of the South", de 1946, no qual um ex-escravo, tio Remus, narra contos populares africanos nunca teve chance. “Song of the South” ganhou um Oscar por sua música central, “Zip-a-Dee-Doo-Dah”, e outro por sua inovadora mistura de filme e animação, mas há 33 anos está fora de circulação por causa de suas imagens racistas. Robert A. Iger, executivo-chefe da Disney, deixou clara sua posição sobre o filme em uma reunião de acionistas em 2011. "Não espere vê-lo novamente por algum tempo — se é que algum dia".

Todo grande estúdio de cinema tem um esqueleto ou três em seu armário. A Warner Bros. preferiria que todos se esquecessem dos desenhos racistas do Pernalonga lançados nos anos 40; "Yankee Doodle Dandy", um musical de James Cagney de 1942, inclui um número grandioso de blackface. Mas o boom do streaming — o Disney Plus chegou na terça-feira, seguido por Peacock, da NBCUniversal, em abril, e HBO Max, da Warner, em maio — colocou os filmes problemáticos novamente em destaque.

A ausência de "Song of the South" na lista da Disney Plus levou à discussão entre críticos e historiadores de cinema sobre se deveria ser lançado para fins educacionais. A Disney se recusou a comentar.

As empresas de Hollywood querem construir plataformas de vídeo que possam competir com a Netflix e a Amazon, e parte do seu discurso de vendas aos consumidores envolve o acesso a títulos de "bibliotecas completas". Portanto, as pessoas estão compreensivelmente curiosas sobre o porquê de certos filmes terem desaparecido.

Por que o Disney Plus tem espaço para o "Chef Donald", um curta de 1941 estrelado pelo Pato Donald, mas não para "Commando Duck", um desenho animado de 7 minutos de 1944? Olhe um pouco mais de perto: "Commando Duck" foi um dos desenhos animados de propaganda que a Disney fez para as forças armadas dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Ele mostra Donald em uma missão no Japão, onde encontra os habitantes locais falando com sotaque forte e atirando em seus inimigos pelas costas. O Disney Plus não é um arquivo.